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Será o fim de Renan Calheiros?

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Brasília é um monstro cheio de tentáculos que se alimenta de impostos. E haja dinheiro para suprir essa fome insaciável. Quase 60% daquilo que é arrecadado acabam nos cofres da sede do Governo Federal, o que não gera apenas um desconforto para a população, como também para os especialistas que questionam as vantagens do pacto federativo: o país é centralizado, embora a legislação diga que não.

Brasília é alvo dos piores adjetivos que estão na boca do povo. Alguns afirmam que os políticos não trabalham, outros que fecharam os olhos para o resto do Brasil, e ainda há outros para os quais os parlamentares estão apenas negociando seus próprios interesses.

A história do Brasil é repleta de casos de abusos de poder. Sem pretensões de fazer uma linha do tempo, há os tempos do Coronelismo, da política Café-com-Leite, sem contar das tentativas de perpetuação no poder por figuras como Vargas.

Há casos mais sorrateiros que, embora não constem como deveriam nos livros de história, acabam exercendo grande influência sobre o curso do país: as famílias políticas. Temos a Sarney, a Magalhães, a Collor, a Gomes. Há sempre um patriarca que coordena o grupo de cordeiros. Muito certamente um político-símbolo dos conchavos de Brasília é Renan Calheiros.

Conforme consta no seu site pessoal, Calheiros foi reeleito senador pela terceira vez em 2010, escolhido por quatro vezes para ser Presidente do Senado. Nascido em Murici (AL), em 1955, revelou-se no movimento estudantil, nos anos 70, quando se elegeu presidente do Diretório Acadêmico da área de Ciências Humanas e Social da Universidade Federal da Alagoas (UFAL).

Em 1978, elegeu-se deputado estadual pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Dois anos depois, tornou-se líder da bancada na Assembleia Legislativa de Alagoas. Elegeu-se deputado federal em 1982. Em 1990, foi Líder do Governo na Câmara dos Deputados. Com o fim do mandato parlamentar em 1992, assumiu a vice-Presidência Executiva da Petrobras Química (Petroquisa). Na eleição de 1994, foi eleito senador por Alagoas com 235,3 mil votos. Em 7 de abril de 1998, tomou posse no cargo de Ministro de Estado da Justiça.

Em 2001, assumiu a liderança do PMDB no Senado e integrou o comando nacional do partido. Em 2002, relatou a medida provisória que regulamentou o pagamento de benefícios a anistiados políticos. Trabalhou pela aprovação do Estatuto do Desarmamento e foi autor do projeto de resolução que convocou o referendo sobre a proibição de comercialização de armas de fogo no Brasil.

Na eleição geral de 2002, o povo alagoano reelegeu Calheiros com a maior votação proporcional de todo o país: 64% dos votos de Alagoas. No ano seguinte, foi o relator do Projeto que instituiu o programa Bolsa Família do Brasil. Em 2005 foi eleito Presidente do Senado Federal que inclui, também, a presidência do Congresso Nacional. Tais funções foram exercidas até dezembro de 2007. Em 2009 Renan foi novamente reconduzido à Liderança do PMDB no Senado. E, em 2013, foi indicado pelo seu PMDB como candidato, novamente, à Presidência do Senado Federal. Tal fato repetiu-se em 2015, quando passou a exercer a Presidência do Senado Federal pela quarta vez. Em 2017, logo após concluir seu mandato presidencial, Renan foi novamente reconduzido à Liderança do PMDB no Senado Federal.

Em 2018, usou a tribuna e os órgãos de mídias em inúmeras oportunidades para advogar em favor de Lula e Dilma. Com Bolsonaro na Presidência, sabia que seus dias de regalias estariam contados. Talvez seja, ao lado de Lula, um dos políticos mais rejeitados pela população brasileira que de alguma forma integram o sistema político e a sua história.

Neste ano de 2019, perdeu a Presidência do Senado numa mobilização sem precedentes pelos demais colegas para retira-lo de uma esfera de poder na qual já estava se perpetuando. Muitos abusos motivaram sua ruína: já usou avião da FAB para fazer implante de cabelo, pagava pensão à amante com dinheiro de empreiteira, além de ser réu numa leva de processos por improbidade, que o torna um dos maiores símbolos da impunidade pela posição que ocupa. Talvez tenha sido um dos políticos de bastidores mais influentes da história do Brasil, levando em consideração o tempo e o poder de manobra.

Sabe-se que a única leva de parlamentares que o apoiam é ainda daquela velha ala da política acostumada aos seus mandos e desmandos, além dos petistas e demais associados que fogem como ratazana aos olhares de Sergio Moro.

Renan Calheiros será um símbolo da mudança que os brasileiros há tanto tempo sonhavam para o país.

Renan agora é apenas um senador comum, mas um senador cujos colegas farão todas as manobras possíveis para colocá-lo para fora do cenário político.

Embora conte com todas as regalias de um senador, seus poderem vão minguando pouco a pouco e em breve deixará de ser mais um protegido do sistema político brasileiro.

da Redação Ler comentários e comentar